As máquinas sempre exerceram fascínio – e medo – nos seres humanos. Exemplos de filmes em que a inteligência artificial é apontada como “rival” ou “substituta” das pessoas não faltam, e vão desde Robocop até Blade Runner. Felizmente, o futuro mostrado nesses filmes já chegou e – por enquanto – não temos robôs querendo dominar o mundo ou destruir a humanidade.
Inteligência Artificial como aliada:
Empresas dos mais variados tamanhos e segmentos se valem da Inteligência Artificial para otimizar e impulsionar seus negócios. Mapeamentos de hábitos de consumo, públicos-alvo, padrões de acesso e tantas outras coisas somente se tornaram possíveis com a IA e o machine learning. Porém, nada disso é motivo para que os profissionais se preocupem em ter um “chefe robô” ou em serem substituídos por máquinas em suas funções. Muito pelo contrário: quando empregada corretamente e com propósitos definidos, a IA inclusive ajuda os colaboradores a se tornarem mais produtivos.
Excelente aliada à produtividade, essa tecnologia tem elevado a importância da área tributária de pagadora de impostos à fonte de receita e ‘dinheiro novo’, cada vez mais integrando e atuando nas estratégias das empresas. Além disso, valoriza o passe dos profissionais que moldaram suas carreiras no conhecimento técnico sobre tributos, somados ao conhecimento de tecnologia.
A união desses fatores resulta no aumento comprovado da competitividade das empresas, a partir da redução de custos e aumento das oportunidades trazidas pela melhor utilização dos regimes especiais.
Inteligência Artificial na área tributária:
O Brasil é um dos países onde as empresas mais consomem horas de trabalho para pagar tributos. De acordo com o estudo anual do Banco Mundial, são 1.501 horas anuais, cinco vezes mais que a média da América Latina (317,1 horas/ano) e dez vezes mais que a média da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (158,8 horas/ano). Dessas 1.501 horas, 885 são dedicadas especificamente ao pagamento de tributos indiretos.
Outro apontamento do estudo, coloca o Brasil em 124ª posição em facilidade de se fazer negócios. Facilidade? É preciso fazer do país um ambiente favorável, que ajude e seja seguro para negócios mundiais. Nossas perspectivas em torno das reformas precisam trilhar o caminho da desburocratização e facilitação dos sistemas e processos que vão impactar o ‘custo Brasil’.
IA e o conceito de cadeia colaborativa:
A área tributária tem apontado caminhos inovadores e disruptivos ao se somar com a tecnologia, que monetiza créditos e reduz custos não apenas dentro da empresa, mas por toda a sua cadeia de fornecedores, sob o conceito do Business Collaboration Chain.
O conhecimento técnico sobre tributos passou a ser vital para as empresas, em especial neste ano de pandemia, quando exportar e importar ganhou urgência em todos os mercados do mundo e abriu as portas para o melhor aproveitamento dos benefícios fiscais, com mais regras e padrões para equalizar o comércio global.
Porém, mesmo com as oportunidades à mesa, ainda é preciso que as empresas despertem do sofrimento da crise e já comecem a se posicionar perante o crescimento que virá, também apoiada na gestão estratégica dos pagamentos de tributos, que vão impactar fortemente a competitividade e saúde das empresas de todos os setores.
Essa visão das empresas sobre gestão tributária ainda é turva. Só na indústria automobilística, por exemplo, um dos principais setores exportadores e importadores do país, os benefícios fiscais disponíveis ao setor não atingiram nem 20% do potencial que poderiam ser usufruídos pelas empresas.
A união da inteligência humana com a inteligência artificial vai dar rumo a um novo perfil de profissional da área tributária, cada vez mais valorizado por ser estratégico, e cada vez mais preparado para vencer os desafios da burocracia, sem perder as oportunidades para aumento do fluxo de caixa das empresas.
As capacidades do ser humano são únicas:
A pesquisa Work 2035 desenvolvida pela Citrix, ouviu executivos C-level na Europa e nos Estados Unidos e apontou que 73% dos líderes empresariais acreditam que a tecnologia e a IA tornarão os trabalhadores pelo menos duas vezes mais produtivos até 2035.
O advento do emprego da IA e do machine learning, por outro lado, evidencia que, até o momento, é impossível copiar a consciência, os padrões e – por que não dizer? – as imperfeições humanas. Áreas como legislativa, logística, aduaneira, tributária, recursos humanos e que trabalham com dados em geral até empregam essas tecnologias, mas necessitam de profissionais humanos competentes para realizar a grande maioria das tarefas, já que as máquinas são literais.
As máquinas são extremamente importantes e essenciais nas tarefas mecânicas e corriqueiras, mas sempre será necessário um profissional humano, com conhecimento técnico para controlá-la. A criatividade segue sendo incomparável. A empresa do futuro será aquela que encontrar a eficiência na área tributária investindo em tecnologia, mas sem deixar de olhar para investimento no melhor patrimônio de uma empresa: o ser humano.
Por Marcos Bregantin – CEO da Becomex