A crise “bateu” diferente nos diversos setores da economia. Enquanto uns amargaram o terror da queda das vendas, outros alcançaram índices impressionantemente maiores aos que atingiam antes da pandemia. Nesse momento, todos os setores da economia estão “debruçados” sobre números e análises para avaliar os reais impactos e, principalmente como e quando estarão se organizados para aquecer seus mercados e fazer girar novamente as engrenagens da economia. Estratégias tributárias colaborativas podem ser a solução!
As primeiras impressões dão conta que essa reação virá desordenada e desigual. Enquanto alguns setores como agronegócios, alimentos, e-commerce, tecnologia e construção vivenciam a experiência de ter suas receitas equivalentes ao primeiro trimestre ou multiplicadas durante todo esse período,
outros como automotivo, turismo, eventos ainda amargam a temperatura fria das suas projeções de retomada.
Um recente estudo realizado pelo Itaú Unibanco, classificou a reação dos setores em fria, morna e quente. Na fria, estão os setores que tiveram queda brusca na crise, com perspectiva de recuperação ainda lenta, como o Automotivo, Transporte aéreo de passageiros, Turismo, Eventos, Lazer e Transporte Urbano.
Na faixa morna, incluiu os setores que começam a ensaiar uma recuperação de demanda, mas que ainda enfrentam desafios retomar estoques, com riscos de desabastecimento, como Eletroeletrônicos, Vestuários, Siderurgia e Transporte e Logística.
Já na temperatura quente, estão os setores que menos sofreram na crise e conseguiram igualar ou superar os níveis de demanda que tinha antes da crise. Caso do Agronegócio, Tecnologia, Alimentos e Construção.
No mês passado o governo apresentou uma lista dos 34 setores mais prejudicados pela pandemia e para minimizar esses impactos informou que lançou diversas linhas de crédito desde o início da crise. Segundo dados do Ministério da Economia, até setembro, foram 622 mil empresas atendidas e R$ 85,86 bilhões de crédito já chegou na ponta.
De acordo com os dados Pesquisa Mensal de Serviços (PMS), divulgada em outubro IBGE, o volume de serviços subiu 2,9% em agosto e atingiu a maior taxa para o mês desde 2011. Mesmo assim, o setor ainda tem de crescer 10,8% para recompor as perdas da pandemia de covid-19, calculam os técnicos do IBGE.
A Anfavea, associação que representa as montadoras de veículos no Brasil, projetou em julho uma queda de 40% nas vendas de 2020 ante 2019. Em outubro, refez essa projeção e reduziu a retração das vendas do ano para 31% na comparação com o ano passado. O setor deve totalizar 1,9 milhão de unidades comercializadas. De acordo com dados calculados pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), O Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio brasileiro, apresentou crescimento nos sete meses do ano, acumulando alta de 6,75% no período. A tendência é que o PIB do agronegócio continue em alta e feche o ano com um crescimento importante, chegando a atingir 25% de participação no PIB total do Brasil. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) anunciou que o faturamento de agosto do setor superou o registrado no início do ano, antes de começar a pandemia da Covid-19. Ainda assim, nos oito meses do ano, o faturamento ainda acumula queda de 3,9%, em relação ao período de janeiro ao mesmo período de 2019.
Diante de tantas projeções, todos os caminhos apontam para colaboração e estratégias tributárias colaborativas. Essa será a forma de inovar. É o “fazer diferente” com o intuito de equalizar a velocidade de retomada dos setores e ajudar o país a encontrar o caminho do crescimento econômico tão necessário.
Mais do que nunca, é hora de “dar as mãos” para tirar o melhor possível deste cenário. Todo o segmento vai impor novos desafios e a área tributária é um verdadeiro centro de oportunidades para reduzir custos e aumentar o fluxo de caixa das empresas. A estratégia mais eficiente pode transformar tributo em “dinheiro novo” e multiplicar os benefícios que a cadeia de fornecedores pode trazer quando integrada por meio dos Regimes Especiais disponíveis para todas as empresas.
Sair em busca de uma forma extensiva de colaboração que venha otimizar os custos tributários pode encurtar a distância entre a empresa e o aumento de sua competitividade aqui e fora do país.
É lá na sua cadeia que será possível potencializar os benefícios que um drawback, um RECOF-SPED/RECOF, um Reintegra, entre outros regimes,
podem trazer para a operação nesse momento em que todo centavo conta. É no seu fornecedor que se pode encontrar uma oportunidade de isenção ou redução de impostos sobre a matéria-prima ou monetização de crédito tributário que vai impactar positivamente seus custos e seu caixa.
Integrar a cadeia para rastrear as melhores oportunidades será o diferencial estratégico para multiplicar benefícios e dividir ganhos. Para isso, toda a empresa precisa “respirar” essa cultura utilizando muita tecnologia e conhecimento. Não pertence mais à área de Finanças. O fluxo tributário é o tema que precisa nascer com um novo produto a acompanhar toda a operação, estendendo pela cadeia de fornecedores até chegar no cliente final. Ele é a porta para aproximar empresas, clientes e fornecedores.
As associações e entidades de classes também são parte desse conceito e precisam participar, estimular e promover essa união entre empresas e seus fornecedores para agilizar o crescimento, a volta do lucro, a possibilidade de trazer novos acordo do Brasil com outro países e, assim, construir uma economia madura e comprometida com seus resultados e de todo o setor.
É possível ter estratégias tributárias colaborativas em setores tão competitivos? A resposta é sim. Não só é possível como é vital para qualquer setor incluir essa estratégia nas suas agendas. O conceito de colaboração tem que partir de todos os lados do negócio. Esse é o plano infalível que vai fazer nossa economia sair do de voo de galinha – minguado e raso – para tornar-se o voo de águia: constante, longo e sustentável.