Numa recente entrevista, Roberto Bischoff, CEO da Braskem, afirmou que a recuperação do setor petroquímico começará apenas em 2024. Essa afirmação faz todo sentido diante dos resultados negativos das principais empresas do segmento químico e petroquímico no primeiro semestre de 2023.
Um importante levantamento do grupo de comunicação Poder360, com base nos balanços das brasileiras Braskem e Unipar, além das gigantes globais Sabic, Dow, LyondellBasell e BASF, os maiores players do segmento com ações listadas em bolsa, confirmam um momento de baixa do setor.
Depois da alta lucratividade contabilizada durante o pico da pandemia de covid-19, entre os anos de 2020 a 2022, as receitas e lucros dessas empresas em 2023 ficaram bem abaixo do registrado nos primeiros seis meses do ano passado.
Todas tiveram queda nas receitas totais de 19% a 29% no primeiro semestre de 2023. Ao analisar os lucros, o levantamento do Poder360 mostra que as reduções são ainda maiores, variando de 37% a 126% no período.
Mas o que pode estar acontecendo com o setor que foi fortemente impulsionado pela pandemia, que provocou preços elevados de termoplásticos (polietileno, polipropileno e PVC), resinas e outros produtos químicos? Para o CEO da Unipar, Mauricio Russomanno, o setor tem voltado aos patamares pré-pandemia por causa de uma série de fatores que fizeram a demanda global frear.
“A partir do 2º semestre do ano passado, o mercado internacional começou a ver uma série de problemas, com a guerra da Ucrânia, aumento de taxas de juros no mundo e a desaceleração da China. Por causa disso, no caso do PVC, os preços começaram a cair porque a demanda reduziu e começou a sobrar produto no mercado”, explicou o executivo.
Desafios para a indústria química e petroquímica
Os números acendem um alerta, diante dos riscos de uma queda ainda mais forte que o esperado para o 2º semestre deste ano. Portanto, o setor precisa enfrentar os diversos desafios de custo para as suas operações, causados também pelos níveis de preços internacionais de commodities e custos relacionados à logística internacional.
No caso das empresas que têm operação no Brasil, um outro desafio está relacionado à nossa elevada dependência de insumos e matérias-primas que poderiam ser fabricadas por aqui em condições competitivas mais favoráveis.
Apenas com estratégias inteligentes pode ser possível potencializar o segmento químico e petroquímico no Brasil, com o uso dos regimes especiais disponíveis e estratégias de colaboração em cadeia para alcançar a diminuição dos acúmulos de créditos tributários e o aumento do fluxo de caixa.
A Becomex busca incessantemente novas estratégias todos os dias, analisa todas as possibilidades e estuda todas as viabilidades. Fazemos isso respeitando pessoas e empresas, pois todos têm metas e desafios.
Renato Promenzio – Head Estratégico de Químicos e Petroquímicos da Becomex