Nos últimos meses, a indústria automobilística brasileira tem convivido com um cenário econômico desafiador e, ao mesmo tempo, com oportunidades relevantes no comércio exterior. O balanço de julho e do acumulado do ano, divulgado pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), mostrou que as condições internas e externas estão redefinindo o ritmo da produção e das vendas. As exportações ganharam peso no desempenho geral, compensando parcialmente a desaceleração no mercado interno.
A demanda crescente da Argentina por veículos produzidos no Brasil foi determinante para a revisão das projeções para 2025. Inicialmente, a expectativa era de um crescimento de 7,5% nas exportações, mas a nova estimativa aponta para uma alta de 38,4% em relação a 2024, totalizando 551 mil unidades. A participação do país vizinho nas exportações brasileiras passou de 35,1% no acumulado de 2024 para 58,9% neste ano, o que demonstra a relevância desse mercado no momento atual.
No mercado interno, a previsão inicial de alta de 6,3% nas vendas foi ajustada para 5%, totalizando 2,765 milhões de emplacamentos. A redução está relacionada, em grande parte, à queda no segmento de caminhões, especialmente os modelos pesados, mais afetados pelos juros elevados. O segmento de ônibus mantém desempenho positivo, mas com menor peso no total de vendas. Entre os veículos leves, os automóveis seguem estáveis, enquanto os comerciais leves registram tendência de crescimento.
O programa Carro Sustentável, iniciado em 11 de julho, contribuiu para aumentar as vendas no varejo em 16,7% no período. Ao mesmo tempo, o mercado de veículos eletrificados leves avançou, passando de 6,7% para 10,9% de participação nas vendas em um ano, com destaque para a produção nacional de híbridos e para o recorde de 160 ônibus elétricos emplacados em julho.
A Anfavea manteve a projeção de produção de 2,749 milhões de unidades em 2025, um crescimento de 7,8% sobre 2024. Essa estabilidade na previsão ocorre porque a forte alta nas exportações compensa a revisão para baixo das vendas internas. A entidade também manifestou preocupação com o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, que eleva o imposto sobre máquinas rodoviárias e agrícolas brasileiras, representando um custo adicional de aproximadamente US$ 966 milhões, o que pode afetar volumes de exportação para aquele mercado.
Nesse cenário, a competitividade e a eficiência ganham papel ainda mais estratégico para toda a cadeia produtiva. A indústria automobilística exige soluções que integrem gestão tributária, aduaneira e de supply chain, potencializando ganhos em custos e prazos. Esse é um campo no qual o Grupo Becomex atua de forma decisiva, ao conectar empresas do setor a oportunidades de otimização fiscal e logística, estruturando operações mais eficientes para atender tanto ao mercado interno quanto às exportações.
A capacidade de identificar oportunidades em regimes especiais e de viabilizar parcerias na cadeia de fornecedores permite às montadoras ampliar margens e reduzir a dependência de importações. Além disso, a expertise em compliance assegura que todas as etapas do processo produtivo e comercial estejam em conformidade com as exigências legais, minimizando riscos e fortalecendo a posição competitiva das empresas brasileiras no cenário global.
O desempenho de julho mostrou também que, apesar do ingresso elevado de importados, a produção nacional mantém relevância. O equilíbrio entre estímulo à demanda interna, apoio às exportações e fortalecimento da indústria local será fundamental para sustentar o crescimento do setor nos próximos anos.
Com base nas projeções e nos movimentos recentes do mercado, é possível afirmar que a indústria automobilística brasileira está diante de um ciclo em que a expansão para mercados externos e a adoção de tecnologias mais limpas serão fatores-chave para o desempenho positivo. A integração de estratégias industriais e comerciais, somada a iniciativas como as que promovem a eficiência fiscal e logística, pode ser determinante para transformar as expectativas atuais em resultados concretos.
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex