Mesmo com um crescimento de 0,5% na produção acumulada no primeiro semestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023, a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores acredita que o volume de 1,138 milhão de unidades produzidas poderia ser melhor, pois concluíram que as exportações automobilísticas estão em queda.
Em razão disso, a associação, após encerrada a primeira metade do ano, decidiu rever para baixo suas projeções para 2024 realizadas no final do ano passado. E como era esperado, a maior mudança se deu nas exportações, que tinham expectativa de alta de 0,7%, mas agora têm um recuo de 20,8%.
“Se os emplacamentos de importados e as exportações do 1º semestre de 2024 tivessem sido iguais aos volumes registrados no mesmo período de 2023, o aumento da produção seria de 11%, o que dá uma dimensão do desafio que precisamos enfrentar”, afirmou Márcio de Lima Leite, presidente da ANFAVEA, durante a apresentação dos resultados do primeiro semestre.
Nessa conta simples do presidente da ANFAVEA, a indústria automobilística nacional deixou de produzir cerca de 124,5 mil unidades no primeiro semestre de 2024, considerando que no mesmo período do ano passado foram produzidas 1,132 milhão de autoveículos.
Outra consequência negativa da queda nas exportações automobilísticas é que a produção deixe de crescer no mesmo ritmo do mercado interno. Assim, o crescimento da produção foi revisto para baixo, de 6,1% para 4,9%.
É preciso melhorar a eficiência econômica de todos os elos produtivos da indústria automobilista. Nos primeiros seis meses do ano, 165,3 mil autoveículos deixaram o Brasil, uma queda de 28,3% sobre o mesmo período de 2023, pior resultado desde 2009, com exceção de 2020 no auge da pandemia.
Seja com a redução de custos, com a monetização créditos tributários na operação direta e indireta, ou ambos, é possível proporcionar fluidez de caixa.
Vendas internas têm resultados positivos, apesar da queda nas exportações
As vendas internas tiveram no primeiro semestre de 2024 um total de 1,144 milhão de autoveículos emplacados, um importante crescimento de 14,4% sobre o primeiro semestre de 2023. Tivemos, por exemplo, o melhor junho desde 2019 com uma média diária de 10.715 unidades emplacadas, volume bem próximo ao que se verificava antes da pandemia.
Esse bom ritmo fez a ANFAVEA rever para cima as projeções de vendas no ano, de 6,1% para 10,9%, para um volume de 2,560 milhões de autoveículos, embora boa parte desse crescimento venha sendo absorvida por veículos importados, em especial da China, o que preocupa a associação.
“Temos o Imposto de Importação mais baixo para modelos elétricos de origem chinesa no planeta, entre os países produtores, o que serve de atrativo para a importação acima de um saudável patamar de equilíbrio”, explicou o presidente da ANFAVEA.
O setor de pesados também apresentou bons resultados. Caminhões fecharam o semestre com elevação de 36,5% na produção e 8% nas vendas, recuperando patamares normais já neste segundo ano de Proconve P8. Já os ônibus cresceram 53,8% em produção e caíram 21,8% em vendas. As feiras LatBus, em agosto, e Fenatran, em novembro, animam o setor e projetam um segundo semestre melhor em vendas.
Lei do Programa Mover foi sancionada
No dia 27 de junho o Governo Federal sancionou a lei que cria o Mover – Mobilidade Verde e Inovação, programa que estimula investimentos em novas rotas tecnológicas e aumenta as exigências de descarbonização da frota automotiva brasileira, incluindo carros de passeio, ônibus e caminhões.
Até o momento já foram habilitadas no programa 89 empresas, de nove estados. Destas, 70 são para unidades fabris que já produzem autopeças; 10 de veículos leves; seis de veículos pesados no Brasil; dois são serviços de P&D; e uma é para projeto de relocalização de uma fábrica de motores.
Os pedidos de habilitação partiram de empresas instaladas em São Paulo (32), Rio Grande do Sul (24), Minas Gerais (10), Paraná (10), Santa Catarina (7), Rio de Janeiro (2), Pernambuco (2), Bahia (1) e Amazonas (1).
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex