O que era esperado na indústria automobilística ficou comprovado nos números apresentados pela ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores referente ao mês de maio: o desaquecimento da indústria automobilística ocorreu em razão dos alagamentos no Rio Grande do Sul.
A produção de autoveículos foi interrompida ou teve seu ritmo reduzido pelos reflexos dos alagamentos não apenas no Rio Grande do Sul, mas também em outras regiões do Brasil em razão do elevado número de fornecedores que têm sua operação naquele estado, o que mostra a importância da cadeia produtiva gaúcha.
Aliado aos problemas causados pelos alagamentos no Rio Grande Sul, o desaquecimento da indústria automobilística também foi causado pelas greves de algumas fábricas e a operação-padrão de funcionários do Ibama – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis e do MAPA – Ministério de Agricultura e Pecuária, responsáveis por liberações ambientais de veículos e contêineres de componentes.
Diante desses fatores e de acordo com o levantamento da ANFAVEA, a produção de autoveículos em maio fechou em 166,7 mil unidades, uma queda de 24,9% na comparação com abril com 222,1 mil unidades. Sobre maio de 2023, com suas 227,9 mil unidades, a queda foi ainda maior, de 26,8%.
Na produção a boa notícia vem do segmento de pesados, que no mês de maio viu o volume de caminhões atingir a marca de 52,2 mil unidades no ano, com elevação de 29,9% sobre os primeiros cinco meses de 2023, com suas 40,1 mil unidades. Já os 12 mil ônibus representam o melhor resultado acumulado para o segmento desde 2015. As vendas totais em maio foram de 194,3 mil unidades, 12% a menos que abril e 10% a mais que maio de 2023.
Sobre os emplacamentos, embora eles tenham caído 64% no Rio Grande do Sul, que representa 5% do mercado nacional, e do feriado prolongado nos últimos dias do mês, este maio de 2024 foi o melhor em média diária de vendas desde 2019, com 9.250 unidades emplacadas por dia.
No acumulado do ano, já 1 milhão de unidades emplacadas, marca atingida no dia 12 de junho. Desde 2019 não chegávamos tão cedo a essa marca. Para se ter uma ideia, em 2023 atingimos esse número no dia 2 de julho.
Empregos seguem em ritmo de crescimento na indústria automobilística
Em maio o número de vagas diretas alcançou a marca de 103.299, um crescimento de 1,3 mil empregos em relação a abril e de 3,1 mil sobre maio de 2023. Para a ANFAVEA, o poder de geração de empregos indiretos na cadeia automotiva é da ordem de 10 para cada vaga direta.
“Esse é o melhor nível desde novembro de 2022, indicando os primeiros reflexos positivos dos investimentos anunciados pelos fabricantes desde o ano passado”, explicou Márcio de Lima Leite, presidente da associação durante a divulgação desses números.
Exportações e importações
O desaquecimento dos mercados da América do Sul persiste, bem como o crescimento da presença de produtos asiáticos nesses países. Em maio, foram embarcadas apenas 136,3 mil unidades. No acumulado de janeiro a maio, as 193,8 mil unidades exportadas representaram recuo de 29,7% sobre igual período do ano passado.
As exportações continuam muito abaixo das expectativas, sendo importante melhorar a eficiência econômica de todos os elos produtivos da indústria automobilista, seja com a redução de custos, com a monetização créditos tributários na operação direta e indireta, ou ambos.
Por outro lado, o crescimento das importações continua sendo um ponto de atenção para o setor automotivo brasileiro. O volume de emplacamentos de autoveículos vindos de outros países já chegou a 160 mil unidades de janeiro a maio, 44 mil a mais do que no mesmo período de 2023, uma alta de 38%.
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex