O primeiro trimestre de 2024 apresentou bons números de produção e vendas para o mercado automotivo, mas certamente o grande destaque desse período foi a assinatura no dia 26 de março dos atos relacionados ao Mover – Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação.
Esse programa prevê um total de R$ 19,3 bilhões de créditos financeiros entre 2024 e 2028, que podem ser utilizados pelas empresas do setor automotivo para abatimento de impostos federais em contrapartida a investimentos realizados em P&D e em novos projetos de produção.
O Mover também prevê a criação do FNDIT – Fundo Nacional para Desenvolvimento Industrial e Tecnológico, cujos recursos devem ser aplicados em programas prioritários para o setor de autopeças e demais elos da cadeia automotiva.
É muito importante tornar as operações do segmento automotivo mais competitivas, melhorando a eficiência econômica de todos os elos produtivos com a redução de custos e a monetização de créditos tributários na operação direta e indireta.
Foi destaque nas principais mídias que, após o lançamento do Mover, várias montadoras anunciaram novos projetos no Brasil, com ampliação e modernização das suas unidades industriais. De acordo com a Anfavea – Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores, há uma projeção de investimentos da ordem de R$ 100 bilhões nos próximos anos.
Para Márcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, o Mover será referência para o mundo em termos de descarbonização, com a liberdade de escolha para os consumidores, que poderão optar pela rota tecnológica mais interessante às suas necessidades.
Mercado automotivo: resultados de março e do primeiro trimestre de 2024
Com a produção de 195,8 mil autoveículos em março, melhor resultado em quatro meses, a indústria apresentou um resultado 3,2% superior que o volume de fevereiro. No acumulado do primeiro trimestre, tivemos 538 mil unidades produzidas, 0,4% a mais que no mesmo período do ano passado.
Para a Anfavea, os próximos meses serão marcados por aumento contínuo na produção, por isso eles apostam que a previsão de alta de 6% para o ano de 2024 deve ser atingida.
Nas vendas internas, o indicador mais revelador do aquecimento é o da média diária de emplacamentos, que dilui o efeito da quantidade de dias úteis em cada período. A média de 9,4 mil unidades em março cresceu 7,9% em relação a fevereiro e 8,5% sobre março de 2023.
No ano, a média diária de emplacamentos já é 12,6% superior à do primeiro trimestre de 2023. O total de vendas em março foi de 187,7 mil unidades, mês com três dias úteis a menos que março do ano passado. Na comparação com fevereiro, houve acréscimo de 13,6%. O volume acumulado no trimestre é de 515 mil autoveículos, 9,1% a mais que no ano passado.
Com os pesados, a produção de caminhões no primeiro trimestre chegou a 29,3 mil unidades, 19,7% acima do mesmo período de 2023. Para ônibus, a alta é ainda maior, de 61,6%, com 6,5 mil chassis fabricados.
Já as exportações foram penalizadas pela retração dos principais mercados de destino, exceção feita ao México, mas ainda precisam ser mais competitivas e eficientes, já que os embarques no primeiro trimestre se mantiveram 28% abaixo na comparação com 2023.
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex