Por Anderson Rodrigo
Afinal, o que é o Bloco K? Na teoria, é uma obrigação acessória que compõe a informação do EFD – ICMS/IPI, parte integrante do SPED. Na prática, ele é a digitalização do Livro de Registro de Controle da Produção e do Estoque.
As informações são as mesmas, mas a forma de apresentá-las mudou e, justamente por isso, as equipes responsáveis pela área fiscal e tributária dentro das companhias devem estar atentas.
Mas lembre-se de ter cuidado para não transformar o Bloco K em um bicho de 7 cabeças. Ele é apenas mais uma obrigação que exige atenção para não expor possíveis inconsistências entre as informações, deixando assim a empresa na mira da Receita Federal. Pensando nisso, separamos alguns tópicos interessantes:
Onde é necessário ter mais atenção na apresentação do Bloco K?
É importante destacar um medo comum no mercado quando falamos de Bloco K: declarar informações confidenciais como a formulação de um determinado produto, expondo minha empresa no mercado e, principalmente, diante dos meus concorrentes.
Esse medo surgiu porque ao declarar as informações do meu estoque e ordens de produção, eu estou publicando os ingredientes utilizados na produção de um determinado item. No caso da Coca-Cola, seria como dar a fórmula do refrigerante, certo? Errado. Por mais que todos os ingredientes sejam declarados através do Bloco K, não há qualquer informação sobre como ele é feito.
Fazendo uma analogia simples é como seu eu soubesse com quais ingredientes fazer um bolo, mas sem saber a ordem desses ingredientes, quanto tempo deixar no forno, etc. Lembre-se: Bloco K é um controle do estoque e ordens de produção destinado ao Fisco.
Por que o Bloco K gera tanta preocupação para os contribuintes?
Isso acontece porque o próprio controle de estoque feito por muitas empresas não é totalmente efetivo. Casos como estoque negativo, divergência entre as quantidades físicas e as demonstradas nos relatórios evidenciam a falta de controle. Por isso, eu sempre digo que o uso da tecnologia aliado ao trabalho com um bom parceiro estratégico é fundamental. Somente assim as empresas conseguirão dar a devida atenção a essa obrigação acessória e trabalhar a solução direto na raiz do problema.
Não podemos deixar de lado o fator humano relacionado a essa atividade. Por mais que tenhamos controles e automação para os processos relacionados ao estoque e ordens de produção, contar com pessoas capacitadas e com vivência de mercado, representa a diferença entre receber um auto de infração ou ter um “sono tranquilo”.
Veja abaixo 3 dicas para melhorar essa gestão:
1. Obtenha mais eficiência de compra com as informações do Bloco K
Imagine que você é proprietário de uma loja de café. Os insumos que você irá precisar no estoque são copos, coadores e pó de café. Basicamente, esses são os itens que você deveria ter armazenado. Se a gestão deste estoque for feita de maneira eficiente, teremos informações riquíssimas para a tomada de decisão de quando e quanto comprar. Da mesma forma, caso essa gestão não aconteça de maneira correta, a empresa pode comprar mais copos do que precisa, e de repente precisar de pó no meio do caminho. Esse seria um péssimo cenário para o empresário pois deixaria de atender uma demanda, frustrando o cliente.
2. Conte com um bom parceiro estratégico
Como disse no início desse texto, o Bloco K não é tão complicado quanto parece, mas ele requer atenção e na grande maioria dos casos um bom parceiro estratégico é fundamental para extrair o máximo desempenho. A lição de casa fundamental nesse processo é melhorar o controle e deixar os processos mais condizentes com a realidade de agora para demonstrar ao Fisco de maneira correta as movimentações feitas no estoque.
3. Use as informações do Bloco K no seu Transfer Pricing e no seu Drawback
Lembre-se: a área fiscal e tributária está conectada e saber lidar com ela irá impactar diferentes setores dentro da companhia. Quando fazemos um bom controle de estoque, mais do que acertar no Bloco K, há uma influência positiva sobre o Transfer Pricing ou Preço de Transferência.
Isso porque precisamos de informações dos estoques, mais o custo (que não está no Bloco K, mas isso é assunto para outras conversas.).
A empresa ainda pode usar essa informação de controle de estoque e ordem de produção no pleito de um benefício como o Drawback, por exemplo.
O estoque é uma imobilização de recursos financeiros: tiro o dinheiro do caixa e coloco no estoque.
Mais do que uma simples obrigação acessória imposta pela Receita Federal, o Bloco K vai expor todas as ineficiências que podem existir nos processos dentro da minha empresa. Essa iniciativa dará o indicativo para rever internamente as políticas de compra, venda, armazenamento e todas as etapas de gestão.
Afinal, você consegue saber o que e quando são necessários os itens do seu estoque? O Bloco K pode transformar essa gestão. Vamos começar?
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