Apesar das medidas impostas para conter a entrada de aço estrangeiro, o Brasil registrou um grande aumento da importação no primeiro semestre de 2024, o que desafia a siderurgia. De acordo com dados da associação Aço Brasil, o país importou 3,3 milhões de toneladas de aço, representando um crescimento de 23,7% comparado ao mesmo período de 2023.
O governo brasileiro implementou em junho um sistema de cotas tarifárias que visa regular as importações de produtos siderúrgicos, em que as tarifas adicionais são aplicadas apenas quando as importações excedem as cotas estabelecidas, gerando expectativas de uma redução nas importações desses produtos em mais de 25% até o final do ano. No entanto, o aumento expressivo registrado até julho levanta questionamentos sobre a eficácia das cotas tarifárias e a capacidade do governo de controlar o fluxo de aço estrangeiro no mercado interno.
O Congresso Aço Brasil 2024, realizado no Hotel Transamérica Expo Center, trouxe à tona discussões cruciais envolvendo esses assuntos para o futuro da indústria siderúrgica no Brasil e no mundo. Com a participação de líderes do setor, o evento destacou a importância do aço para a economia brasileira, que representa cerca de 4% do PIB industrial do país. Neste artigo, vamos explorar os principais pontos discutidos no congresso, com base nas visões compartilhadas por nossos especialistas da Becomex, Denys Cabral – Head de Inovação, e Gustavo Viana – Diretor de Operações, em nosso podcast exclusivo – Desembaraçando, disponível no Spotify.
Importação de aço e o cenário geopolítico
A relevância do aço na economia global e os desafios enfrentados pela indústria brasileira foram temas centrais. A China, responsável por 54% da oferta global de aço, continua a ser a principal concorrente devido aos subsídios governamentais e à ausência de sindicalização, o que reduz os custos de produção. Em contraste, o Brasil enfrenta dificuldades com a competitividade, devido à tributação desigual e à falta de crescimento econômico significativo nos últimos 15 anos. A necessidade de políticas públicas que promovam uma competição mais justa e a equalização das tarifas de importação foi amplamente discutida. Uma leve redução na participação das importações de aço chinês em julho é vista como um sinal positivo, mas ainda é cedo para afirmar que as medidas tomadas surtirão o efeito desejado a longo prazo.
A importação de aço e os impactos da descarbonização e rastreabilidade da pegada de carbono
A indústria siderúrgica brasileira enfrenta dificuldades para rastrear as emissões de carbono ao longo da cadeia produtiva, importante para a descarbonização e um grande desafio.
Embora o Brasil tenha uma média de 1,7 toneladas de carbono produzidas para cada tonelada de aço, abaixo da média global de 1,8, enquanto a China apresenta uma média de 2,6 a 2,7 toneladas, a falta de uma metodologia padronizada para medir a pegada de carbono dificulta a mensuração precisa das emissões, o que impacta diretamente nos custos de produção de países com legislações bem definidas em relação a este tema e na competitividade global.
Integração das cadeias produtivas
A integração das cadeias de valor foi outro ponto importante discutido. A falta de comunicação entre os diferentes setores industriais impede um crescimento mais homogêneo e sustentável, sendo a colaboração entre os setores essencial para enfrentar os desafios globais e garantir um futuro mais competitivo para a indústria siderúrgica brasileira.
Em resumo, o Congresso destacou a importância da colaboração entre os setores e a necessidade de políticas públicas eficazes para enfrentar os desafios globais com inovação e sustentabilidade. A regulamentação do mercado de carbono e a implementação de programas como o MOVER, que visa a reciclabilidade e a redução da pegada de carbono, são passos importantes para o futuro das indústrias no Brasil, e a participação ativa delas nesse processo é fundamental para o sucesso dessas iniciativas. Nos próximos meses, guardamos por perspectivas melhores sobre a importação de aço que desafia a siderurgia.
A Becomex está bem posicionada para apoiar as indústrias na transição para um futuro mais sustentável. Com estratégias e metodologia inovadoras, apoiadas na tecnologia avançada, contribuímos com a redução do Custo Brasil e promovemos uma maior transparência nas cadeias produtivas, assim como auxiliamos na integração dos processos, promovendo uma maior eficiência e sustentabilidade para o aumento da competitividade.
Para mais detalhes e uma discussão aprofundada, não deixe de ouvir nosso podcast com Denys Cabral e Gustavo Viana aqui.