Analisar os elos da cadeia de fornecedores, engajar parceiros e investir em tecnologia ajuda a liberar caixa e reduzir tributos
Um dos comportamentos mais erráticos dos brasileiros e que trazem má fama é deixar para a última hora grandes afazeres. E a má fama nunca se fez tão urgente de ser desfeita quanto agora, em que a Reforma Tributária caminha para ser votada no Senado Federal ainda em 2023.
Nos próximos oito anos, após a aprovação do texto final pelo Congresso, as empresas irão conviver com dois sistemas simultâneos de cobrança de impostos, no período de transição. E o emaranhado tributário, que já é complexo, ficará ainda mais crítico sobre o ponto de vista operacional, além de riscos associados às perdas de créditos acumulados.
Com a Reforma Tributária avançando, a tratativa de converter esses créditos em caixa poderá se tornar nula ou associada a uma alta desvalorização na linha do tempo. O ideal é um diagnóstico acompanhado de diálogo entre os elos envolvidos na cadeia, buscando entender as origens do desequilíbrio e traçando estratégias colaborativas que permitam um maior e mais rápido uso desses volumes tributários acumulados. Uma indústria, por exemplo, pode conversar com seus fornecedores de matérias primas para entender o equilíbrio de seus tributos. Deve-se fazer um raio x com stakeholders e tomadores de decisão para mapear os impostos que estão sendo absorvidos em todas as etapas de produção.
Participei recentemente do Programa Linha Direta com a Justiça na Rádio e TV Bandeirantes e, conversando com o jornalista Pedro Campos, falamos que o setor tributário e a alta gestão devem “fazer a lição de casa” para não perder dinheiro com os chamados créditos acumulados. No “Brasil antigo” em que as pessoas ainda usavam talão de cheques, seria comparável a ter um cheque sem fundos. O dinheiro até existe, mas não é possível sacar. Esse dinheiro parado vai corroendo o poder de investimento de determinado setor e ajuda a encorpar o que se conhece como “Custo Brasil”. Em algum momento, a indústria repassa o custo ao consumidor, embutindo o prejuízo no preço de produtos e serviços.
Então, as empresas precisam adotar medidas protetivas antes da Reforma Tributária entrar em vigor, o que deve acontecer em 2026, e buscar usar a sua própria operação para converter os chamados créditos acumulados, transformando dinheiro parado em caixa efetivo através de ações colaborativas com seus fornecedores e clientes.
Para isso, há ferramentas como tecnologia, inteligência artificial e, principalmente, interação com alta rastreabilidade e compliance entre fornecedores e clientes para entender o modelo e efetivar a transformação. Nada ainda supera a força do diálogo e o engajamento das pessoas em prol de do bem-estar comum.
Trata-se de inteligência de mercado para trazer retorno efetivo e lançar mão de ferramentas potentes, como a inteligência artificial para isso. Aqui na Becomex, a inteligência artificial consegue comparar dados de forma rápida, eficiente e reduzir o tempo de sobrecarga de trabalho das áreas administrativas e evitar até que se pague encargos em duplicidade.
Agronegócio
Seja no abastecimento interno ou na estratégia de exportação, os agricultores contribuem muito para a roda da economia brasileira girar. Mas a Reforma Tributária, em linhas gerais, prevê no novo sistema a fusão de tributos federais em um único tributo, o IVA (Imposto sobre Valor Agregado), e requer proteções para os pequenos produtores e uma carga que não impacte tão fortemente as cadeias menores. Produtores de alimentos incluídos na Cesta Básica, por exemplo, serão protegidos na redação final do texto.
Serviços
Mais setores de tecnologia sofrerão com cargas mais pesadas como é o caso da área de serviços, onde haverá impacto indireto. O setor de serviços é muito ancorado no consumo das famílias e dependente do aquecimento econômico para se sustentar. Precisamos modernizar a legislação tributária para balancear melhor a base, o agro, e o modelo econômico enraizado no setor de serviços. O Governo buscar distribuir de forma homogênea a carga tributária entre os geradores de riquezas e o gerador de receitas.
Benefícios para a população
O brasileiro no dia a dia sentirá os efeitos de forma indireta, com uma economia mais firme e menos riscos, e o país torna-se mais sustentável em médio e longo prazo, com estabilidade.
Jersony Souza – Vice-presidente de Mercado da Becomex