Depois de um dezembro relativamente bom, com pouco mais de 200 mil veículos emplacados, as montadoras finalizaram janeiro deste ano bastante apreensivas com a brusca queda de quase 40% nos negócios. Tal índice é fruto da chamada crise dos semicondutores. Para entender melhor como a variante ômicron impactou a indústria automotiva, continue lendo este artigo.
Motivos por trás da crise dos semicondutores
Todos sabem que janeiro é, historicamente, mês ruim para vendas, mas, poucos imaginavam que seria ainda pior que janeiro passado. Segundo o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, em entrevista para a CNN, a queda na produção de veículos ficou em torno de 27,4% e a justificativa por essa queda mais abaixo que o normal aponta para dois novos problemas: índices sem precedentes de absenteísmo, por conta de afastamentos por covid-19 ou por suspeita da infecção, além de férias coletivas mais prolongadas em decorrência do surgimento da variante ômicron.
Deve-se somar a esses dois novos problemas os que toda cadeia já vem sofrendo há mais de um ano: falta de suprimentos vitais e logística global com grandes dificuldades em função da pandemia.
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Ainda de acordo com comunicado da Anfavea, outros países afetados pela variante ômicron tiveram quedas parecidas, próximas de 20%, no entanto, nenhum com queda tão acentuada quanto o Brasil. Em nota, Luiz Carlos Moraes, explica melhor as dificuldades: “foi um mês de recorde nas infecções por covid-19 no País e de chuvas acima da média para o período, o que afetou a produção dos fornecedores e dos fabricantes de veículos, e ainda afastou clientes das concessionárias”.
Luz no fim do túnel? expectativas do setor para 2022
A despeito da frustração deste começo de ano, o presidente da Anfavea deixa claro que a indústria automotiva mantém o otimismo: “os problemas causados pela ômicron deverão ser amenizados nos próximos dois meses, permitindo um quadro mais próximo da normalidade em todas as atividades. Não teremos todos os semicondutores que precisamos este ano, mas o nível de escassez será menor que em 2021”.
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Apesar desta declaração relativamente positiva, ainda há uma certa nebulosidade econômica e, a preocupação de todas as montadoras repousa sobre outro tipo de obstáculo considerado quase que histórico: alta dos juros acima do razoável, uma vez que nenhum outro país do mundo possui juros tão altos e proibitivos como o Brasil.
Não é preciso ser economista para projetar o resultado de financiamentos cada vez mais proibitivos no país: queda contínua de vendas e bens com alto valor agregado. Ocasionalmente o clima é até favorável, quando o Índice de Confiança do Consumidor, medido pela FGV, sobe um pouco, como no final do ano passado, mas na hora de fazer contas e efetivar um negócio, os juros assombram, e muitos, prudentemente, desistem! Vamos assistir aos próximos capítulos desta evolução nas próximas semanas.
Marcos Gonzalez – Diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex.
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