Fechado o ano de 2023 para a indústria automotiva, os resultados das exportações mostraram o quanto será importante uma estratégia de negócios desenvolvida de forma evolutiva e contínua em um projeto de maximização de ganhos, integrando toda a cadeia automotiva do País, para sermos mais competitivos em 2024.
Os números apresentados pela ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores mostraram bons resultados nas vendas e produção durante esse ano, mas como vinha sendo observado mês a mês, a queda nas exportações pode ser considerada como o ponto negativo desse segmento tão importante.
Nossas exportações recuaram 16% em 2023 na comparação com 2022, totalizando 403,9 mil unidades. O México foi o principal destino das exportações brasileiras, com 32% do total, um fato inédito, afinal a posição historicamente pertencia à Argentina e um crescimento de 51% na comparação com 2022.
Contribuiu para uma maior presença de produtos brasileiros no México o mercado local ter crescido 24,4% no ano. Além do México, apenas o Uruguai teve um acréscimo de 5%. Todos os outros importantes mercados registraram quedas: Argentina com -16%, Colômbia com -53% e Chile com -57%.
De acordo com um levantamento feito pela Becomex, apesar de 70% do setor automotivo já fazerem uso dos principais incentivos disponíveis, o segmento usufrui de, em média, 43% dos benefícios concedidos pelo governo. Com uma colaboração em cadeia pode ser possível alcançar importantes resultados.
Deixando de enxergar o que é oferecido pelo governo de forma isolada, o segmento poderá ampliar o aproveitamento dos benefícios tributários disponíveis, reduzir o preço de vendas dos autoveículos deixando-os mais competitivos e ainda ter um aumento do fluxo de caixa.
Outros números importantes de 2023
Além dos resultados das exportações de autoveículos em 2023, a ANFAVEA também apresentou os números da produção de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus.
Foram 2,2 milhões de unidades de automóveis e comerciais leves, crescimento de 1,3% em relação a 2022. Importante destacar que esse resultado só não foi maior por conta do encolhimento de 16% das exportações, além do aumento de 29% das importações.
Já a produção de caminhões e ônibus registrou uma enorme queda de 37,5% em razão dos custos mais elevados das novas tecnologias de controle de emissões, adotadas para atender a etapa P8 do Proconve que entraram em vigor no Brasil em janeiro de 2024, e que fomentou a antecipação das compras dos veículos no final de 2023.
A produção totalizou 2,3 milhões de autoveículos, volume que representou um leve recuo de 1,9% em 2023. Os melhores resultados do setor foram obtidos nas vendas ao mercado interno de veículos leves, com 2,2 milhões de unidades, alta de 11,2%. Acrescentando caminhões e ônibus, os emplacamentos de autoveículos chegaram a 2,3 milhões de unidades, 9,7% a mais que no ano anterior.
Projeções da ANFAVEA para a indústria automotiva em 2024
Com o fechamento consolidado dos números de 2023, a ANFAVEA apresentou suas projeções para 2024. A associação acredita em um crescimento de 6,1% nos emplacamentos, com uma expectativa de 2,45 milhões de unidades, crescimento de 6,2% na produção, com uma expectativa de 2,47 milhões de unidades e um crescimento de 0,7% nas exportações, com uma expectativa de 407 mil unidades.
“Temos motivos para acreditar num ano positivo para o setor automotivo brasileiro. Além da expectativa de crescimento do mercado interno e da produção, devemos celebrar a publicação da MP 1.205 que instituiu o Programa MOVER. Trata-se uma política industrial muito moderna e inteligente, que garante previsibilidade a toda a cadeia automotiva presente no país e a novas empresas que chegarem, e ainda privilegia as novas tecnologias de descarbonização, os investimentos em P&D e favorece a neoindustrialização”, afirmou o Presidente da entidade, Márcio de Lima Leite.
Programa MOVER
O Programa MOVER – Mobilidade Verde e Inovação, citado pelo presidente da ANFAVEA, objetiva apoiar a descarbonização dos veículos brasileiros, o desenvolvimento tecnológico e a competitividade global, dando incentivos fiscais para empresas do ramo automotivo que investem em sustentabilidade e com novas obrigações para a indústria automotiva diminuir seu impacto ambiental.
A partir de 1º de fevereiro de 2024, as empresas do setor que produzem no Brasil poderão obter créditos financeiros a serem usados para abatimento de quaisquer tributos administrados pela Receita Federal ou até serem ressarcidos em dinheiro.
Para isso, os estabelecimentos produtores de itens automotivos, de soluções estratégicas para mobilidade e logística, ou de suas matérias-primas e componentes deverão realizar gastos em pesquisa e desenvolvimento ou produção tecnológica no País. O programa também inclui empresas que desenvolvam no Brasil serviços destinados à cadeia automotiva, com integração às cadeias globais de valor, e que se destinem à reciclagem na cadeia automotiva.
Poderão ter ainda mais benefícios as organizações que tenham, no Brasil, projeto de novos produtos com tecnologias de propulsão avançadas e sustentáveis ou de sistemas embarcados que possibilitem a tomada de decisões complexas automatizadas, entre outras inovações.
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex