A indústria automobilística brasileira fechou o primeiro semestre de 2023 com ligeira alta na produção e vendas de autoveículos, o que representa uma esperada e necessária recuperação desse importante segmento quando comparado com o mesmo período de 2022.
Diante desse cenário, a ANFAVEA – Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores manteve suas projeções apresentadas no início do ano, quando informou que esperava um crescimento de 2,2% da produção de autoveículos, ou seja, fechar 2023 com 2,42 milhões unidades fabricadas.
A produção de 1,132 milhão de autoveículos de janeiro a junho de 2023 representa alta de 3,7% sobre o mesmo período de 2022, enquanto os emplacamentos alcançaram a marca de 998,6 mil unidades no ano, crescimento de 8,8% sobre o ano passado.
Importante destacar que os números estão bem atrás dos apresentados em 2019, quando tivemos 2,9 milhões de unidades de autoveículos produzidas. Ou seja, a indústria levará mais tempo para retomar o padrão de antes da pandemia, ainda em decorrência do fornecimento de peças no setor e a alta dos juros.
As exportações, que em 2021 foram de 376,4 mil unidades e em 2022 somaram 480,9 mil unidades, portanto, depois de dois anos de forte recuperação, apresentaram queda: tivemos 227,2 mil autoveículos exportados, ante 246,3 mil do primeiro semestre de 2022, uma redução de 7,7% nos embarques.
Para a Anfavea, a justificativa para as exportações, por enquanto, estarem indo na contramão dos índices do mercado interno, são a crise na Argentina, maior parceiro comercial do Brasil e o encolhimento de mercados importantes, como Colômbia e Chile, que impactam negativamente o desempenho dos fabricantes brasileiros no comércio exterior.
As fabricantes de autoveículos brasileiras precisam ser mais competitivas no comércio exterior. De acordo com um levantamento feito pela Becomex, apesar de 70% do setor automotivo já fazerem uso dos principais incentivos disponíveis, este mercado usufrui de, em média, 43% dos benefícios concedidos pelo Governo.
A indústria já trabalha a busca por esses benefícios, mas seria capaz de evoluir muito mais deixando de enxergá-los de forma isolada, utilizando uma inteligência estratégica que modera e equilibra os interesses para que todos os envolvidos da cadeia automotiva sejam beneficiados.
Medida Provisória eleva venda de veículos em junho
A MP 1175/23, que tem como objetivo promover o acesso da população a veículos novos, estimular a indústria automobilística nacional, impulsionar o crescimento econômico, promover a descarbonização da matriz de transportes e a economia circular, fez as vendas de veículos leves dispararem na última semana de junho.
Segundo a Anfavea, os reflexos positivos da MP 1.175/23 foram suficientes para fazer de junho o segundo melhor mês do ano em vendas e projetar um julho com emplacamentos muito acima da média, pois cerca de 79 mil veículos com bônus de desconto foram repassados às concessionárias, mas ainda não emplacados.
“Estimamos que dos R$ 800 milhões liberados pelo governo para veículos leves, R$ 710 milhões já haviam sido aplicados até a virada do mês, resultando em descontos para cerca de 150 mil unidades. Porém, só 54 mil deles tiveram emplacamento efetivado em junho”, afirmou Márcio de lima Leite, presidente da Anfavea.
Marcos Gonzalez – diretor responsável pelo segmento automotivo da Becomex