O presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, demonstra extrema preocupação com os desafios do segmento automotivo especialmente com os impostos que oneram o setor e prejudicam a competitividade das montadoras: “Somos exageradamente tributados, pouco incentivados e geramos retornos espetaculares ao país sob todos os ângulos de análise”, comentou em recente encontro com jornalistas.
Com base em dados coletados na Receita Federal do Brasil, a Anfavea chegou à seguinte conclusão: enquanto a desoneração fiscal sobre arrecadação tributária de todos os setores econômicos no País foi de 18% na última década, para o setor automotivo foi de 8%. Com isso, esse segmento apresentou a melhor relação entre todos os setores da economia, com R$ 11,1 arrecadados para cada R$ 1 desonerado pelo governo.
A entidade coloca essa questão para demonstrar a alta carga tributária de 44% sobre o preço do automóvel nacional que, segundo o presidente da Anfavea, “é o dobro do praticado na maioria dos países da Europa”.
O alerta da indústria demonstra claramente o quanto os tributos são elevados no Brasil e, igualmente, o quanto é urgente buscar alternativas viáveis de redução de custos e aumento da competitividade. O fato é que, por conta de alta complexidade e entraves entre as empresas, além de peculiaridades regionais, montadoras, sistemistas e fabricantes de autopeças não conseguem aproveitar benefícios disponíveis para toda a cadeia produtiva.
Mesmo com todos os percalços tributários, a indústria automotiva instalada no Brasil vem se tornando cada vez mais competitiva. Dados da Anfavea apontam que em 2012 foram exportados 443 mil veículos e, cinco anos depois, em 2017, esse número quase dobrou chegando a 766 mil unidades.
Políticas industriais como o Inovar-Auto e o Rota 2030, este último iniciado em 2019, condicionam a desoneração fiscal a investimentos em P&D, o que tem colocado a indústria automobilística na segunda posição dos setores que mais investem em projetos tecnológicos no País e na liderança dos que utilizam mais profissionais nesses desenvolvimentos, todos altamente especializados e bem remunerados.
Em 2015, o Brasil passou a figurar no ranking dos 10 países que mais investem em P&D automotivo. E é possível melhorar significativamente esses resultados: a Becomex estima a redução de dois bilhões de reais de carga tributária, valendo-se das ferramentas que toda cadeia automotiva já tem em mãos sem depender em nada de resoluções governamentais. Este número representa um aumento de 30% de desoneração, ou seja, a cada R$ 11,1 arrecadado, R$1,30 seria desonerado.
Para escapar dos desafios do segmento automotivo, como tributos exagerados, a solução é tirar o proveito das estratégias integradas de Regimes Especiais e utilizar as possibilidades da colaboração em cadeia. E o melhor, o projeto garante que todos os participantes sejam beneficiados igualmente: montadoras, sistemistas e fornecedores.
*Marcos Gonzalez – diretor do segmento automotivo Becomex